Tenho
visto alguns karatekas, alguns que por sinal dão aulas e fazem
blogs, que adotam o sistema do autodidatismo, ou seja, aprende o
karate sem a supervisão de um sensei. Não sei porque cargas d'água
preferem assim, pois bem ou mal temos muitos senseis bons por ai.
Não
consigo ver com bons olhos a questão do karateka autodidata, pois
sempre temos que ter uma opinião critica de alguém que esta vendo
de fora, de preferencia alguém mais experiente, pode até ter a
mesma graduação, mas teve ser alguém mais experiente. Não confio
na capacidade de alguém poder se autoavaliar, pois quem se
autoavalia pode cometer muitos equívocos e mesmo assim achar que
esta fazendo o correto.
Tenho
observado que algumas pessoas se poem a estudar todo o tipo de
material que vem a cair em suas mãos, livros, sytes, enciclopédias
digitais, filmes, programas “científicos” de TV, etc. Realmente
estas pessoas adquirem um conteúdo vastíssimo de conhecimento,
porem será que tudo que foi consultado realmente é de uma fonte
segura? E se é de uma fonte segura, será que o indivíduo que
estudou realmente entendeu o que estava sendo proposto? E se não
entendeu direito, será que não poderá vir a distorcer os fatos no
futuro? E se a fonte não for segura, não poderá tambem distorcer o
conteúdo aprendido fazendo uma miscelânea total?
O que
tenho notado é que tem surgido muitos sabichões por ai, pessoas que
se dizem no direito de corrigir os outros porque: “- Eu sei, eu
estudei pra isto!!!”. Porem com quem a pessoa estudou, foi com
algum professor, fez algum curso, vivenciou alguma situação ou
cultura, tirou algum certificado? O que afinal aprendeu, um monte de
mentiras verdadeira? Aprendeu meias verdades? Aprendeu algo e
acrescentou algo mais? Será que esta pessoa vivenciou e colocou
realmente a prova seu conhecimento para provar que estava correta? E
Experiencia, será que esta pessoa tem ou seu conhecimento se resume
as bobagens que leu?
Acredito
que algumas pessoas podem ter um QI alto o que as torna inteligente o
suficiente para poder aprender algo sozinhas, eu sei que existem
pessoas com “altas habilidades” e “super dotação” que nos
surpreendem. Estas acredito que me fariam perguntas muito
inteligentes, porem as questões que os autodidatas me colocaram na maioria
das vezes continham erros bestas. Se existe algum karateka muito bom
que aprendeu de forma autodidata, este eu ainda estou para conhecer.
Outra
coisa, eu particularmente não acredito em algumas pessoas que vem
ultimamente lançando conteúdos na internet, dizendo que consultaram
determinados locais, inclusive dados de prefeituras em uma ilha
japonesa... Não acredito nisto porque parece ser algo muito banal
pegar um monte de dados de sei lá a onde e dizer que foi de tal
lugar lá do Japão, sendo que é difícil negociar com qualquer
órgão japonês sem que se prove exatamente o que se quer e o que se
pretende. Todas as pessoas que sei que frequentaram Dojos no Japão,
passaram anos lá para aprender migalhas de conhecimento. Não é tão
fácil assim, lembro de casos que chegaram a meu conhecimento de
estudantes de faculdade que tentaram parcerias com universidades
japonesas para o desenvolvimento de trabalhos, até chegar a um senso
comum entre as entidades era uma burocracia, não era coisa de dias,
era de meses, as vezes de anos. Porem o que vejo são pessoas
lançando teses e mais teses. NÃO acredito que em tão pouco tempo
alguém lance tanta tese por ai!!!!!!! Trabalho de faculdade é
trabalho de faculdade, tese é tese, tem que passar por avaliação
de banca examinadora. Eu desconfio de uma tese que venha de gente que
recebeu punição de federação por vestir a faixa-preta, bater
fotografia e publicar na rede sem ter prestado nenhum exame de Dan.
Eu desconfio de gente que afirma e poem em currículo que foi
monitor de um clube quando ainda sequer possuía graduação pra
isto, e o pior, é eu consultar o responsável pelo clube e descobrir
que a criatura nunca foi monitor de tal entidade. Desconfio de uma
pessoa que após ter tido a orientação de alguns senseis, conseguiu logo após a afaçanha de perder totalmente o credito destes mesmos senseis. Se uma pessoa mente na base, quem me diz que não mente em coisas "importantes"?
Existem
pessoas muito autodidatas para terem orientação de um outro sensei
mais graduado, fico pensando até que ponto isto não é orgulho por
não aceitar a correção de outras pessoas. Fico pensando até que
ponto o autodidatismo não é um pretexto para a criatura não ter
que ficar ouvindo sempre alguém corrigindo seus erros. Assim é
muito fácil saber, pois não tem ninguém pra dizer que algo pode
estar sendo interpretado de forma equivocada, ou seja, tudo estará
sempre correto a onde não deve estar correto e errado a onde não
deve estar errado.
Eu desconfio quando a pessoa se diz mais do que é! É como diz o ditado: Quando a esmola de mais, o santo desconfia.
P.S.: Um colega karateka fez uma observação, acho bom colocar aqui. Hoje a internet nos coloca a disposição ferramentas de tradução instantâneas (google tradutor, Altavista tradutor). Isto facilitou muito o entendimento de testos escritos em outras línguas porem são sistemas falhos na transcrição de qualquer língua. Na língua japonesa então nem se fala, as complexidades da gramatica japonesa não permitem uma tradução confiável, ainda não foi desenvolvida uma tecnologia que possa transcrever a língua japonesa com todas as suas peculiaridades, se existissem seria um programa pesado que não funcionaria em tradutores estilo "Google Tradutor". Tentar usar estas ferramentas para obter informações em sytes japoneses no intuito de achar material e argumentos para seu estudo, é um verdadeiro tiro no pé. Nem mesmo o sistema JWPce que uns e outros enchem a boca pra dizer que é bom é completo.
P.S.: Um colega karateka fez uma observação, acho bom colocar aqui. Hoje a internet nos coloca a disposição ferramentas de tradução instantâneas (google tradutor, Altavista tradutor). Isto facilitou muito o entendimento de testos escritos em outras línguas porem são sistemas falhos na transcrição de qualquer língua. Na língua japonesa então nem se fala, as complexidades da gramatica japonesa não permitem uma tradução confiável, ainda não foi desenvolvida uma tecnologia que possa transcrever a língua japonesa com todas as suas peculiaridades, se existissem seria um programa pesado que não funcionaria em tradutores estilo "Google Tradutor". Tentar usar estas ferramentas para obter informações em sytes japoneses no intuito de achar material e argumentos para seu estudo, é um verdadeiro tiro no pé. Nem mesmo o sistema JWPce que uns e outros enchem a boca pra dizer que é bom é completo.
Bem lembrado por um colega meu. Ultimamente com um programa do tipo, google tradutor, tu pode acessar conteudos de sytes em diversas linguás, ou seja, pode ter acesso por exemplo a conteúdos escritos em japonês.
ResponderExcluirNão recomendo este tipo de consulta, pois todo programa de tradução possui falhar e até hoje não inventaram nenhum programa capaz de traduzir na integra a lingua japonesa. Você poderá ter traduções totalmente equivocadas.
Eu me recusaria a fazer qualquer "tese" consultado sytes japoneses desta forma.
Parabéns pelo blog Adriana!
ResponderExcluirAcredito que em um Dojô, o Sensei é a maior referência para os estudantes, seguido pelos karatecas mais graduados.
Permita-me contar um caso:
Certa vez a mãe de um garoto que comia muito açúcar estava desesperada e o levou até a presença de Gandhi. Após ouvir o caso, Gandhi disse:
- Volte daqui duas semanas.
A mulher não entendeu nada, mas voltou conforme o solicitado.
Quando ela entrou na sala com seu filho, eis que Gandhi diz para o menino:
- Não coma açúcar!
A mulher perguntou.
- Por que o Senhor não deu esse conselho ao meu filho na nossa primeira visita?
Gandhi então respondeu:
- Não disse isso antes porque naquela época eu também comia muito açúcar!
Moral da história: A verdadeira educação provém do exemplo!
Sem um Sensei, quem vai nos dizer se estamos ou não no caminho correto?
A relação professor-aluno é a base do ensino das artes marciais japonesas. O Sensei é a figura principal na passagem de conhecimentos práticos e teóricos nas artes marciais, além de transmitir valores que promovem a construção do bom caráter nas pessoas.
Abraços,
Carlos Camacho.