quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Karate como arte marcial, Karate como prática esportiva e Karate competitivo

Desde os tempos mais remotos da história humana existe o que se pode chamar de "prática pré-esportiva". Na pré-história, os homens primitivos praticavam exercícios físicos somente para a sobrevivência como saltar, lançar, atacar e defender. (Tubino, 1993). Provavelmente os povos primitivos desenvolveram danças, jogos e outras práticas relacionadas ligadas a transmissão de cultura, religiosidade, etc. Quando a humanidade aprendeu a cultivar seu alimento, deixou de ser nômade e se fixou num lugar específico, surgiu a necessidade de defender territórios o que deu origem a práticas de guerra como lutas e utilização de utensílios como armas. Povos antigos como hindus, chineses, egípcios e sumérios já formavam exércitos. A preparação para a guerra foi um fator motivador para a prática de atividades física, como ocorria com os hindus e na sociedade grega espartana. É da cultura grega antiga a principal referência do que conhecemos hoje por esporte. As olimpíadas gregas eram jogos de cunho religioso, com regras e caráter competitivo. Um detalhe, todas as modalidades esportivas das olimpíadas gregas eram praticas militares usadas em guerras. Os Antigos Jogos Olímpicos foram a principal inspiração de Barão de Coubertin para a criação dos Jogos Olímpico Modernos. Podemos ver que as práticas de guerra, a luta, a atividade física, e o esporte estão praticamente correlacionados no que se diz respeito a história.
Como vimos no texto a arte marcial alem de ser uma prática de ataque e defesa, pode ser considerado uma atividade física. O karate é arte marcial por estar relacionada a técnicas de combate e defesa para ser utilizadas contra outras pessoas. Para esclarecer mais sobre o tema avaliemos os seguintes termos: Arte Marcial, Esporte, Competição e todas as variações.

Arte marcial: A palavra "Marcial" deriva da palavra Marte (deus da guerra) e se refere ao que é "Militar". São disciplinas físicas e mentais codificadas em diferentes graus, que tem como objetivo um alto desenvolvimento de seus praticantes para que possam defender-se ou submeter o adversário mediante diversas técnicas.

Competição:
Conceito Biológico (ecológico) - é a interação de indivíduos da mesma espécie ou espécies diferentes (humana, animal ou vegetal) que disputam algo. Esta disputa pode ser pelo alimento, pelo território, pela luminosidade, pelo emprego, pela fêmea, pelo macho, etc. Logo, a competição pode ser entre a mesma espécie (intraespecífica) ou de espécie diferente (interespecífica).
Conceito social - Forma mais elementar e universal de interação, consistindo na luta incessante por coisas concretas, por status ou prestígio; é contínua, e geralmente inconsciente e impessoal.

Esporte: toda a atividade física que respeita regras e ao mesmo tempo é praticada com finalidade recreativa, profissional ou como meio de melhorar a saúde.

Esporte de Participação: caracteriza-se pela participação voluntária, visa a integração entre pessoas, a promoção da saúde, o lazer e não há regras formais.

Esporte de competição: caracteriza-se pela busca de resultados, visa o melhor desempenho dentro de um grupo de pessoas (individual ou por equipes), possui regras, normas e critérios formalizados para que numa disputa todos tenham as mesmas chances.

A onde o karate começa a se relacionar ao esporte?
A partir do momento que no karate se criaram regras para formalizar uma disputa de kata e kumite, se criou uma prática esportiva. Se alguém pratica arte marcial com o intuito de competir e buscar resultados (medalhas, troféus e títulos), este esta direcionando sua prática para a disputa esportiva competitiva.
Nestas últimas décadas vimos muitas artes marciais passarem por processos de esportivização, algumas destas artes marciais se tornaram olímpicas, outras estão em vias de se tornar, outras tem regras de disputa e competição sem serem olímpicas. São muitas poucas artes marciais que não tem regras de disputa. O karate esta em processo de esportivização é atualmente é um forte candidato para entrar nos Jogos Olímpicos.
Ao se tornar um esporte o karate deixou de ser marcial?
Não necessariamente, pois as técnicas marciais continuam sendo utilizadas, porem na competição elas estão adaptadas à regras. Se alguém pratica arte marcial com o intuito de competir e buscar resultados, este esta direcionando sua prática para a disputa esportiva competitiva.
O que é o esporte e a competição afinal de conta?
A unica coisa que se fez na competição moderna foi transformar o que antes era um ato de disputa pela sobrevivência (disputas com rivalidades, lutas e guerras) numa disputa de cavalheiros com regras e normas. O esporte é a preparação para a disputa. Não necessariamente a atividade física esta ligada ao esporte. 


Fontes de Referências: O que é o esporte. Tubino, Manoel José. São Paulo: Brasiliense 1993.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Karate de Alto Rendimento


Pois bem, fiz dois cursos de karate este ano que usaram esta temática.
Os cursos foram muito bons.
Mas se deve frisar uma coisa, uma percepção minha de uma pessoa que esta fazendo curso de Gestão Desportiva e absorvendo um monte de informações que talvez muitos praticantes de Karate não tem.
A intenção quando se fala de "karate de Alto rendimento" é a melhor, realmente temos debater este assunto, mas sinto em dizer, temos muito ainda que melhorar neste sentindo. Os caminhos para se chegar ao alto rendimento no nosso país ainda são muito difíceis, as leis que regem o esporte no Brasil são tacanhas e beneficia uma única modalidade. E tudo isto esta assim por jogo de interesse e falta de vontade política. Temos um longo caminho, ainda não estamos no que posso considerar o ideal e o problema não é só com o karate, mas com o esporte no Brasil como um todo. Com relação ao karate vejo que ainda há uma percepção equivocada de alguns praticantes sobre o que é "Alto Rendimento". Karate de Alto rendimento é o que o Douglas Brose, Rafael Aghayev e outros que vão para os mundiais de federações fortes e bem estruturadas fazem. Atletas de Alto Rendimento são aqueles que já se destacaram no seu meio e foram alem disto. São poucos os que chegaram ao karate de alto Rendimento no nosso país (alto rendimento é para poucos).

Para explicar o que é Alto Rendimento vou explicar o que Não É Alto Rendimento.

O que NÃO É Esporte de Alto Rendimento:
1. Alto Rendimento não é só fazer curso relacionado ao assunto;
2. Não é treinar porque gosta e subir no pódio em qualquer torneio;
3. Não é tomar "suplemento vitamínico";
4. Não é ser chamado a seleção do estado e esporadicamente ir para um brasileiro;
5. Não é só ganhar bolsa atleta (este recurso pode ajudar a chegar lá);
6. Não é ter ido uma vez num mundial sem ter as mínimas condições de sair bem (tem campeão mundial por equipe que ficou só na "reserva" e tem quem babe ovo);
7. Não é competir a nível mundial com meia dúzia de gatos pingados em competições de instituições meia boca;
8. Alto rendimento Não É treinar muito e da forma errada;
9. Não é babar ovo para campeão mundial (é sim telo como modelo a superar).

Exemplos de atletas de Alto Rendimento aqui no Brasil são Douglas Brose e Lucélia Ribeiro. Cito estes dois por: o primeiro foi campeão de todos os campeonatos mundiais que um karateka da WKF pode participar, o segundo foi tetra-campeã nos Jogos Pan-americanos.

Porque cito estes dois da WKF? Cito os da WKF porque é a instituição mundial de karate mais organizada e estruturada para realmente fazer um campeonato mundial. Poderia citar o tradicional, mas infelizmente não posso mais dizer que esta estruturada, pois desde que o Nishiyama morreu ela vem se esfacelando. Poderia citar um bicampeão de Kyokushin, mas este não é esporte, é luta de contato.

Esporte de Rendimento: é aquela pratica esportiva que visa o resultado, é o esporte competitivo;
Esporte de Alto Rendimento: é o que passou por uma seleção mais rigorosa e requer grande preparo e treinamento físico, competição de nível internacional (ex.: jogos Olímpicos e outros mundiais).

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Explicação de termos


Ou o amansa burro de karate da A. Tanaka

Oss

Boa noite.

Vou começar com uma série de explicações de conceitos que pairam na cabeça dos caratecas e tem feito uma verdadeira revolução de princípios.

Não podemos dizer que nosso karate hoje é uma arte milenar (por muito pouco ela é secular), o karate moderno é coisa de décadas, mas nestas poucas décadas, desde que Funakoshi, Mabumi e outros difundiram o karate fora de Okinawa (na era Meiji, início do sec XX), a arte já passou por muitas reviravoltas. De arte-marcial ensinada a poucos à arte-marcial ensinada com cunho educativo, como defesa pessoal para os militares japoneses, como imposição a outros povos, novamente com cunho educativo, como conhecimento a ser transmitido a outros povos, como luta em disputas, até às últimas décadas como modalidade esportiva.

O Karate praticado atualmente agrega conceitos diversos e muitas vezes podem entrar em conflito quando interpretados de forma taxativa. Atribuo isto a estas mudanças de enfoque que o karate passou nestas décadas. Muitas pessoas que começaram a praticar o karate na década de 70 e 80 viram o karate se tornar de arte puramente marcial para uma modalidade esportiva. Muitos princípios que eram valorizados há 40 anos caíram e novos estão sendo cada vez mais valorizados. O karate recebeu injeções de fair-play com todo aquele papo de Barão de Coubretin.

O que tenho visto é caratecas se debatendo com relação a termos como por exemplo: "Do" e "Jutsu" (ou Jitsu). A esportivação do karate esta dando nó na cabeça de muitos que gostavam das práticas puramente marciais.

Então vou toma a liberdade de comentar estes termos numa serie de posts que vão abordar estas questões.

Segue-se a lista:

To-de
Do
Jutsu ou Jitsu
Budo
Arte-marcial
Defesa pessoal
Luta
Esporte
Fair play
Euritímia
Atleta
Artista marcial
Olímpico e Olimpíada
Karate e filosofía
Karate "Tradicional"
Karate "oficial"
Karate "olímpico"
Karate de contato
Karate luta
Karate de combate
Karate educativo
Karate esportivo
Karate de rendimento
Atividade física
Esporte de participação
Esporte de competição
Esporte de rendimento
Esporte de alto-rendimento
Educação Física


Devo destacar que nosso karate é um só independente de estilos, escolas ou enfoque. Independente do enfoque que se dê para o karate todos os karatekas se reconhecem como praticantes de karate. Muitas vezes estas terminações são usadas somente como termos genéricos, só para mudar uma ideia. Exemplo: tradicional, oficial, luta. As vezes é como alguns termos que aparecem em embalagens de produtos como: light, diet, zero, etc. Termos ligeiramente diferentes que as vezes podem ser tratados como sinônimos.

Não necessariamente os tópicos estarão nesta ordem, as vezes estarão isolados ou em conjunto.

Obs.: no budismo se falaria que são apenas termos, o que se vai fazer com eles é problema de quem pratica.

E as explosões de Ego continuam


Andei lendo por ai por acaso um blog, não citarei nomes, evito cita-los aqui, comentando sobre algumas questões que foram levantadas neste post: A pratica de limpar o Dojo (SOJI-掃除 / SAMU- 作務) .

Pra variar o sujeito não prestou a atenção no que escrevi, mas digamos, ele nunca presta, tanto que já foi banido deste blog a muito tempo.

No post sobre a prática do Soji não quis tornar nenhuma prática no Dojo um misticismo, ou misturar religião com karate, mesmo porque não sou a favor disto, pois vivemos num país laico em que as pessoas via de regra podem praticar a sua fé seja qual for. Também porque Soji não é visto no Japão com propósito religioso, mas sim como prática corriqueira, as origens da prática é que podem ser atribuídas ao budismo. Procurei traçar alguns paralelos, mas infelizmente teve gente que interpretou isto muito mal. Falar das práticas japonesas sem tocar uma vez que outra em alguns pontos da "religiosidade" que influenciou a cultura deste povo é quase impossível, pois as influencias do budismo, xintoísmo, confucionismo, taoismo aparecem em vários aspectos da cultura japonesa. É como falar de hábitos ocidentais que muitas vezes são impregnados de influencias cristãs. Portanto este realmente é um assunto delicado que dá margem a más interpretações, principalmente por parte dos mais chiliquentos implicantes.

Volto a repetir o que disse em outro post, os japoneses tem costumes religiosos muito particulares, posso dizer que eles seguem todas e ao mesmo tempo nenhuma crença. A espiritualidade japonesa é um tanto complicada dos ocidentais, com conceitos impregnados de moral cristã, entenderem. Os princípios destas "crenças" (seria mais correto falar "filosofias") praticamente estão impregnadas na forma do povo japonês agir e se relacionar com a sociedade. Eu não posso explicar alguns dos aspectos que influenciaram algumas práticas no karate sem dar uma pincelada uma vez que outra ou no budismo, ou no xintoísmo, ou confucionismo, ou taoismo. Todas estas "filosofias" aparecem no karate assim como aparecem nos hábitos corriqueiros do povo japonês. Quem convive com as duas culturas, ocidental e oriental, sabe ver a diferença gritante de uma cultura para a outra.

Acho que houve um erro de entendimento por parte desta pessoa, ou talvez não tenha me expressado claramente a ponto da criaturinha entender (eu sei que é difícil as vezes para esta pessoa entender, as vezes eu acho que tenho mesmo é que desenhar). Também há por parte desta pessoa uma cisma com tudo que escrevo, mesmo porque é alguém muito vaidoso e que se acha o único dono da verdade. Eu tentei de todas as maneiras conversar amigavelmente com esta pessoa, mas é praticamente impossível manter com ele um relacionamento amigável. Eu sei que esta postura ele já repetiu com outros blogueiros, em outros sites de relacionamento. As explosões de Ego fazem parte da natureza desta pessoa que a única coisa que sabe fazer é achar defeito no que os outros fazem e arranjar causas absurdas como, ter chilique pela grafia de palavras, etc. Sinceramente não espero que esta pessoa entenda, ele não quer entender, ele quer é me criticar assim como critica a todos. Ao meu ver estas pessoas tem um sério problema de sociopatia, acho que elas não contribuem.

Assim que puder explicarei o que cada uma destas filosofias (budista, xintoista, confucionista, taoista) influenciam aspectos da cultura japonesa e consequentemente o karate.* Também quero explicar algumas crenças orientais que são erroneamente classificadas como "religiosas". Na verdade estas praticas e crenças orientais podem serem classificadas muito mais como "filosóficas" do que como religiosas, como é o caso do budismo, confucionismo e taoismo. Na verdade o conceito de "religiosidade" oriental é muito diferente do conceito de "religiosidade" ocidental. Eu também noto que há uma "masturbação mental" com alguns termos como "Do", "Jitsu", etc, futuramente falarei sobre isto.

Agora só uma pergunta esta pessoa, sei que vai bisbilhotar meu blog. Se meu blog é tão ruim, porque perde tempo lendo? Outra coisa que não tem lógica. Isto é sinal de que se importa com o que digo. Se alguns "amam" o Zen, outros "amam" ter explosões de ego e incomodar os outros até serem bloqueados.



* O objetivo era focar no karate, mas infelizmente te gente que não "estuda" sobre estes aspectos da cultura japonesa, acho que tem bastante blogs que falam sobre o assunto (do zen posso citar os blogs dos monges Gensho, Coen e Isshin, o blog do "Japão em Foco", "consulado japonês" e outros), infelizmente tem que explicar porque se não entende nem o "espirito" da coisa, não vão entender o resto. É bem certo que eu perca o meu tempo também.   


Obs.: esta implicância começou depois que eu contrariei o sujeito e deixei de concordar com algumas coisas que ele dizia. A coisa piorou quando não quis usar o sistema de transliteração do Nihon-ji para o Roma-ji, o "hepburn". Também porque me recusei a ler um "artigo" de um cara que comete falsidade ideológica de forma descarada, ele treinou na mesma academia que eu, não é de hoje que conheço as falcatruas. Alias, não é porque é do mundo acadêmico que vai deixar de ser falcatrua. Digo digo isto porque a falcatrua e mediocridade também esta impregnado no mundo acadêmico brasileiro. Já vi sensei de karate ganhar diploma de "doutor honoris causa" por saber "termos" japoneses do karate, sendo que isto é coisa um estudante da língua pode saber e não prova nenhuma proficiência e língua japonesa (já disse que o que prova é o exame "norioko-shiken" da Japan Fundation). Eu estudo, mas não a porcaria que os outros querem. 

sábado, 25 de julho de 2015

Diferença entre karate Oficial Olímpico e karate Tradicional


Foi ótimo o karate ter recebido uma cobertura ao vivo na televisão por conta dos Jogos Pan-americanos de Toronto 2015, porem percebeu-se uma certa confusão dos narradores e comentaristas com relação ao entendimento da modalidade. Natural, pois o karate ainda não faz parte dos Jogos Olímpicos apesar de ser reconhecido pelo COI. Talvez a confusão se dê mais ainda porque o karate só vêm aparecido na mídia muito mais por conta da boa atuação de Lyoto Machida no MMA. Nada contra, é bom o karate aparecer na mídia, mas ficar só em função dele no MMA? Como MMA esta na moda e ganhando espaço em programas, muito por aumentar o Ipobe, tem se falado muito mais do karate Tradicional do que do Karate Olímpico. Os brasileiros também vêm se destacando no karate Olímpico principalmente pela atuação de Douglas Brose, Bi-campeão Mundial e Campeão dos Jogos Pan-americanos de Toronto (sua esposa Lucélia Ribeiro tambem foi tetra campeã dos Jogos Pan-americanos). Apesar de todo este destaque do Brasil no karate Olímpico, a Rede Globo e seus respectivos canais, principalmente o SporTV e seus programas, somente pagam Vale para o karate no MMA, nem mesmo o programa SENSEI ESPORTE dá destaque ao desempenho do karate brasileiro nos mundiais da WKF. Acredito que os redatores do canal SporTV sequer sabem qual a federação reconhecida pelo COB no Brasil (CBK). Não é de se admirar que nas transmissões do karate dos Jogos Pan-americanos de Toronto tenham chamado uma comentarista do Karate Tradicional para fazer os comentários do Karate Olímpico. É óbvio que a comentarista da SporTV se atrapalhou, pois as regras do Karate Tradicional são completamente diferentes do Karate Olímpico. É a mesma coisa que alguém colocar um arbitro de futebol de areia para comentar futebol de campo. Espero que da próxima vez a redação SporTV se dê o trabalho de ir até o site do COB e ver a entidade responsável pela representação do karate no Brasil, que no caso é a CBK. E melhor ainda, que se dê o trabalho de pedir a consultoria da CBK e a indicação de um comentarista.

Atualmente temos mais de uma federação representando a modalidade karate.

É bom fazer a diferenciação.

Karate Oficial Olímpico

É o que é oficialmente reconhecido pelo COB/COI e vem tentando uma vaga nas Olimpíadas de Tóquio 2020. É representada pela -WKF (World Karate Federation). O Brasil tem bons atletas na modalidade, Lucélia Ribeiro, Douglas Brose, Valéria Kumizaki, etc. A federação filiada a WKF no Brasil é a CBK - Confederação Brasileira de Karate (No RS a FGK).
Este karate olímpico é de semi-contato (mais para Light contato), portanto vocês não verão tanto olho roxo, perna quebrada, etc. Os atletas usam equipamento de proteção. É um karate mais esportivo, com regras que visão garantir a integridade física dos atletas e procura se habituar as exigências do COB/COI.

Reparem que os atletas usam equipamento de proteção e os árbitros usam terno e gravata.

Reparem neste vídeo a gesticulação dos árbitros:



Karate Tradicional

Tem ganhado destaque por causa do karateka Lyoto Machida no MMA. É um karate que ainda segue as regras de competição antigas (das primeiras competições), permite um contato maior e golpes mais contundentes, não usam equipamento de proteção, somente uma luva sem amortecimento para evitar contato de lesões (transmissão de doenças). Até 2011 era unicamente representado pela ITKF-International Traditional Karate Federation, mas após a morte do mestre Nishiyama vêm se esfacelando em várias federações mundiais. No Brasil conta com a presença dos mestres precursores do karate no país, Yoshiso Machida, Yasutaka Tanaka, Inoke, Sassaki. A ITKF ia se unir à WUKO para formar a atual WKF e representar o Karate perante o COI, mas por questões politicas, se retirou.

Reparem que os competidores não usam equipamento de proteção e os árbitros usam Wagi e Hakama (vestimenta japonesa).


Reparem neste vídeo a diferença das gesticulações dos árbitros e do estilo de luta.




Nota: A entidade oficial reconhecida pelo COI é a WKF e esta já vêm fazendo um trabalho de mais de 20 anos de adaptação das regras. O COI só permite uma entidade representando a modalidade, portanto qualquer outra representação de karate olímpico, não é oficialmente permitida.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

A pratica de limpar o Dojo (SOJI-掃除 / SAMU- 作務)



Esqueçam algumas coisas que falaram para vocês sobre limpar o Dojo, tenho certeza que muitos poucos praticantes realmente sabem o porque se faz isto. E se um dia praticaram, o fizeram e não compreenderam o significado da prática, e se supostamente entenderam, assimilaram isto da maneira errada. Como mencionei em outro post, a prática muitas vezes é imposta pelo sensei e feita maquinalmente pelos alunos, o aluno entende que isto é uma forma de humildade, porem sei que muitos acham que ser "humilde" é se "humilhar". A verdade é que todo este teatrinho as vezes é feito e muitos nem sabem explicar o porquê, quando dão explicações a respeito da prática inventam várias histórias fantásticas.





Durante a Copa do Mundo FIFA no Brasil os torcedores japoneses limparam a arquibancada do estádio. Me admirei com a surpresa de alguns karatekas que nunca praticaram a limpeza no Dojo, infelizmente muita gente no karate nunca fez esta prática. Alguns falaram sobre o fato como se os E.T.s tivessem invadido a terra com vassouras na mão. Este hábito, o "SOJI" (掃除) ou "MISOGI", é comum no Japão e é praticado nas empresas, nas escolas, nos monastérios Budistas...





Alias, aqui no Brasil tem um grupo chamado "Zeladoria do Planeta Brasil", este grupo foi inspirado após o empresário nipo-brasileiro Hideaki Iijima ver o trabalho realizado pela ONG japonesa "Nihon-no-Soji-ni-Manabu-Kai" que tem como objetivo promover o desenvolvimento da cidadania através da limpeza de lugares públicos. A primeira limpeza deste grupo foi limpar o parque do Ibirapuera, em São Paulo-SP, o que causou espanto aos funcionários do parque que até se ofenderam. Mas atualmente todo o ano ocorre esta faxina (Soji) no parque, tudo de maneira voluntária, sem os mesmos ganharem um tostão.


Voluntários do ZPB em ação por uma cidade mais limpa


Na cultura de nosso país, no caso o Brasil, achamos que o trabalho braçal é uma atividade dispendiosa, enxergamos os trabalhos braçais do tipo, varrer o chão, fazer faxina como um trabalho humilhante, subalterno, indigno, etc. Ser faxineiro ou faxineira, ou gari, é um emprego indigno, para alguns o faxineiro é ultimo escalão de uma firma ou empresa, após o faxineiro somente o cão de guarda que vive por um prato de comida. Infelizmente aqui no Brasil sempre fazemos um trabalho manual pensando no que vamos ganhar com isto, logo se você após lanchar num Mac da vida, se tu for limpar a tua mesa, tu vai se perguntar o que vai estar ganhando com isto se existe o otário da limpeza que esta lá só para passar o paninho na mesa que tu, relaxado, emporcalhou. Pensamento totalmente preconceituoso de nossa parte, pois TODO O TRABALHO É DIGNO. Indigno é roubar e matar!!!!




Muitas pessoas vão ao trabalho como se fossem para um castigo, o patrão ou o chefe, estes são muitas vezes vistos como um carrasco. O empregado é muitas vezes o infeliz que tem que se submeter, que tem que fazer a postura do pobre coitado que deve de obedecer ordens. O chefe não esta lá para isto, para dar ordens? Quando chega a segunda-feira a pessoa chega no trabalho já pensando na hora de sair, já pensando na sexta-feira. Ou seja, o  trabalho que deveria ser uma coisa digna, para dignificar o homem, é um castigo, um martírio para se aguentar de segunda até sexta-feira. O trabalho na nossa sociedade nunca vai ser bom, nunca a visão do trabalho vai ser benéfico, o trabalhador sempre vai ser mártir. Visão equivocada esta, o trabalho pode e deve ser um prazer, pode ser feito com gosto. É este ponto de vista que devemos mudar.






No Zen Budismo existe a prática que é conhecida como SAMU (作務), que é a Prática da Atividade Diária (meditação em ação). Existem três praticas meditativas no Zen, o Zazen (meditação sentado), Kinhin (meditação andando) e o SAMU (meditação com trabalho). Trassando um paralelo (eu disse paralelo), no karate temos algo parecido (eu disse parecido) ao zazen, o ato de fechar os olhos ao cumprimentar em Senza (mokuso). Limpar o Dojo, ou fazer o SOJI, seria uma prática parecida com o SAMU. No que consiste o SAMU: refere-se a um trabalho físico que é feito com "atenção plena" como uma prática simples, prático e espiritual. *




Monges budistas japoneses limpando o mosteiro na pratica do SAMU

Mas é claro que vocês não vão entender com este conceito, pois aprenderam que o trabalho deve ser sofrido, amargo. Para entenderem vou dar o exemplo de Hideaki Iijima da ONG Zeladoria do Planeta:

1. A grandiosidade das coisas simples está no ato de tornar extraordinário o que é comum e dar continuidade a essa ação.
2. Sigo acreditando poder aparar as arestas do coração através da limpeza.
3. Mesmo recolhendo uma pequena sujeira, já estamos embelezando o planeta.
4. A condição primeira para a felicidade do ser humano é diminuir o ego e respeitar os limites.
5. Não limpar simplesmente mas buscar o primor nos detalhes
6. Mesmo que o que se consiga com o esforço de centenas seja insignificante, o que for importante para alguém, será feito com dedicação.

Sim, o trabalho é digno, e o karateka deve pensar que zelar pelo seu Dojo é digno, isto inclui não usar o Dojo somente para o treino, mas como um local para o crescimento moral e espiritual. No Dojo interagimos com colegas de treino, o que estreita as relações. Todos os membros do Dojo devem ter consideração pelo sensei, pelos colegas e pelo Dojo, isto inclui, manter o Dojo limpo. E é muito prático quando cada um faz sua parte pelo Dojo. E é ótimo quando todos limpam o Dojo, pois dez, vinte, trinta pessoas limpando é mais prático do que uma pessoa sendo paga para isto. Porque dez não podem fazer em dez minutos o que uma pessoa faz em uma hora? Vai cair o braço de alguém se passar um paninho em uma placa de tatame? Te juro que até hoje nunca vi o braço de ninguém cair. Tudo é mais fácil quando feito de boa vontade.




Muitos sequer lembraram que depois as competições é pedido para os competidores ajudarem a guardar os tatames, desmanchar o koto, sim vocês já praticaram este ato do Soji, sem nem se dar conta, sem entender. Todo o karateka dedicado que ajuda seu sensei na hora de arrumar o Dojo, na hora de ajuda-lo na organizações de competição esta começando a entender o sentido do que estou dizendo. Mostrar solicitude com o sensei e com o Dojo é ter o sentimento de gratidão para com eles.

OSS


Obs.: Não expliquei como é a pratica do SAMU num mosteiro Budista, fiz de proposito, pois para falar disto tem que vivenciar. Então deixo a esta explicação para quem tem "bala na agulha" para isto. Consultem este texto sobre a prática do SAMU da sensei Isshin: https://monjaisshin.wordpress.com/2009/10/13/qual-o-significado-de-samu/







P. S.: Andei lendo por ai por acaso um blog, não citarei nomes, evito cita-los aqui, comentando sobre algumas questões que foram levantadas neste post. Pra variar o sujeito não prestou a atenção no que escrevi, mas digamos, ele nunca presta, tanto que já foi banido deste blog a muito tempo. Continua com a mesma postura infantil de sempre, realmente isto eu não entendo, a criatura se diz e se contradiz somente para contrariar o que digo. Mas deixa pra lá, pois não perco noites de sono por esta figura. As explosões de Ego fazem parte da natureza desta pessoa que a única coisa que sabe fazer é achar defeito no que os outros fazem e arranjar causas absurdas como, ter chilique pela grafia de palavras. Ao meu ver estas pessoas não contribuem. Se meu blog é tão ruim, porque perde tempo lendo? Outra coisa que não tem lógica. Isto é sinal de que se importa com o que digo. Se alguns "amam" o Zen, outros "amam" ter explosões de ego e incomodar os outros até serem bloqueados. 


Reformulação e correção de alguns textos do Blog

Quando iniciei este blog, meu objetivo era informar para evitar ver alguns equívocos que via na pratica do karate, eu queria era esclarecer. Algumas coisa que são praticadas no karate aqui entravam em conflito com algumas coisas vivenciei por ser nissei e conviver mais de perto com a cultura japonesa. Ao meu ver, há uma imagem totalmente romântica e esteriotipada de muita coisa sobre a cultura japonesa. As vezes me faziam, e ainda fazem, perguntas muito idiotas a respeito.

Em meados de 2010 e 2011, comecei a escrever algumas coisas que achava importante.
Confesso minha imaturidade no início para certas coisas, mas nunca me considerei dona suprema da verdade, também aprendo diariamente. Espero das pessoas a mesma postura de ensinar e aprender com respeito e humildade.

O que mais me aborreceu foram as incomodações com algumas pessoas que, ao invés de tomarem uma postura positiva na troca de conhecimento, usaram o blog para lançar bravatas, para enaltecer o seu EGO. Infelizmente as trocas que poderiam ser produtivas se tornaram um caldeirão de vaidades e de explosões de EGOS inflados e distorcidos. Isto tirou o meu foco com relação ao que eu realmente queria para o Blog. Após este episódio fiquei com um verdadeiro ranço de continuar a escrever para este Blog, queria até acabar com ele, mas não fiz porque me pediam para não fazer, pois recebi vários elogios. 

Outra estava sem tempo para atualizá-lo, pois passei um tempo como agente de pesquisa federal, o que me tomava muito tempo, estou atualmente fazendo um Curso superior em Gestão Desportiva e tambem iniciando, ou tentando iniciar, o estudo e pratica do Zen Budismo. Fui convocada para ser arbitro de karate, o que foi e tem sido um desafio constante para mim, e tambem fui convidada a conhecer novas artes-marciais, a ajudar a organizar eventos, etc. Fora outros contratempos que são de cunho pessoal e não convêm colocar aqui.

Meus conceitos deram uma ligeira melhorada depois destas experiências. Acredito que tenha amadurecido bastantes conceitos. Agora relendo algumas coisas escritas no blog, vejo a necessidade de fazer correções em muitos textos. Isto já foi feito com algumas postagem e com o tempo farei correções nas outras. Alguns post vão ser refeitos e republicados, outros terão correções textuais e de informações.

Se você gostou de algum texto no blog, saiba que em breve ele será corrigido ou republicado. Releia os posts para ver se não corrigi ou complementei alguma informação. Não tenho muito tempo e nem condições para fazer isto de uma vez só, vai ser feito conforme a disponibilidade de tempo. Sou uma só.

OSS