sábado, 29 de dezembro de 2012

20 anos de pratica no karate




Este ano que passou, 2012, completei vinte anos de pratica no karate. Isto foi no dia 6 de outubro de 2012

Em 1991 meu pai se associou num clube o Grêmio Náutico Gaúcho (GNG), erá apenas para a gente poder curtis uma piscina, fazer uma natação, etc. Uma vez fui fazer natação na piscina olímpica do GNG e de lá ficava vendo o pessoal do Judo e do Karate.

Em 1992, após ter dado uma virada na minha vida e ter finalmente entrado no 2º grau, fui procurar uma arte-marcial, pois desde que me conheço por gente gostava da coisa. Só não pratiquei antes porque minha mãe não queria, achava que eu era muito agressiva.

No dia 4 de outubro de 1992 fui até o GNG ver se podia fazer alguma arte marcial, primeiro fui no karate e lá já dei de cara com um homem alto, magro, um tipo meio polaco. Assisti toda a aula e depois ele me falou: se quiser vem no próximo horário que vai ter os alunos mais graduados, tu vai gostar. Depois fui ver a aula de Judo, tombo pra lá, tombo pra cá. Mas ai percebi que aquele tatame ia ser um problema sério, pois sempre fui alérgica desde pequena e tambem aquele agarra-agarra não me atraia. Voltei para a assistir a aula de karate, ví até o final e gostei dela, sai de lá com minha decisão tomada. No dia 6 de outubro de 1992 apareci na aula de karate já fui treinando com os outros alunos.

Este foi meu inicio no karate.

Durante o caminho do karate conheci muitas pessoas bacanas, gente que tenho muito consideração até hoje, os meus colegas de GNG, após conheci um pessoal que tambem esta no meu coração, os colegas da Poliesporte em Canoas (hoje associação ISS-Hoqai). Passei pela experiencia de fazer parte de duas federações diferentes. Ví outras federações acabarem e outras tantas se criarem. Testemunhei muitas decepções, principalmente com relação as federações e com alguns faixas-pretas que se dizem senseis. Conheci pessoalmente senseis como Yoshiso Machida, Sassaki, Yasutaka Tanaka, Kazuo Nagamine. Mas posso dizer que os que mais me trouxeram conhecimento foram os senseis que não tinham olhos puxados.

Neste tempo fiz dois exames de faixa-preta, um com Yasutaka Tanaka 8ºDan em 2002 na CBKT, e outro este ano com o Celso Piasesk (5ºDan) e com o Marcos Cruz (5ºDan) pela CBK em 2012.

No somatório de tantas experiencias posso dizer que aprendi muita coisa, mas as mais importantes vou tentar compilar agora.

  1. Lidar com a inconstância da vida e da pratica: o meu caminho teve altos e baixos, acho que o mais difícil no karate é lidar com as inconstância da vida. No nosso país pode-se esperar tudo do karate, são brigas, mudanças de federações, etc;
  2. O orgulho e o ego atrasam o progresso: deixei de progredir por causa de muita coisa que não quis relevar. Tamberm noto que toda vez que o orgulho toma conta nada vai pra frente.
  3. Nunca se pode dizer que se sabe tudo: por muitas vezes tive que esquecer o que aprendi para reaprender, sem falar que até hoje me surpreendo com novas regras, etc;
  4. Sempre se deve aprender a perdoar: por causa do orgulho e do ego briguei com muita gente, e como falei antes, deixei de progredir, porem tambem fui muito perdoada;
  5. O desconfiometro deve estar ligado: infelizmente já vi muitos karatekas mercenários no karate, os que mais se mostram, falam e se dizem os tais, são os que mais a gente deve desconfiar;
  6. Moldar o carater não se aprende em livros: o melhor meio de se aprender a filosofia do karate é a pratica, o dia a dia, os livros podem até ter conteúdo, mas nenhuma lição vale a pena se não colocar-nos em pratica e se não passar-mos pela sabatina (prova);
  7. O mais difícil no karate são os karatekas: no karate vi muito picuinha se criar, o mais difícil é lidar com as pessoas no karate, existe muita gente que deveria tratar a cabeça e resolver seus recalques pessoais antes de se querer dizer alguma coisa no karate, tem muita karateka que é só fachada, acho que ainda terei que perdoar muito no karate;
  8. Uma vez no karate, sempre no karate: tu nunca consegue se livrar do karate uma vez que ele se torna parte da sua vida;
  9. O comodismo te faz não só parar, como tambem regredir: todas as vezes que parei com o karate foi como se voltasse três faixas (kyus) anteriores;
  10. Faixa e graduação não fazem o karateka: não preciso entrar em detalhes, a frase já diz por sí;
  11. Treino constante faz um bom karateka: a frase já diz por si, karateka para ser bom tem que suar o karate-gi.

Bom acho que era isto.

Que venham mais 20 anos!!!!

OSS!!

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Oss, ossu, osu?

 


Em uma postagem anterior sobre etiqueta no Dojo, tive a iniciativa de escrever a seguinte palavra: “OSSU” *. Se soubesse que um simples “S” ia me gerar tanta incomodação...

Faz cerca de um ano que um desocupado veio aqui no meu blog e fez um comentário infeliz.

Depois teve um outro desocupado, que se diz conhecedor da língua japonesa, que veio aqui e começou a incomodar com cada um dos termos em japonês que escrevi. A criatura não deve ter o que fazer, pois se dar o trabalho de ficar perdendo tempo com isto e não treinar, é coisa de quem não tem o que fazer.

Como falei anteriormente tive que excluir certas pessoas e bloqueá-las.

Eles literalmente conseguiram me irritar, pois já faz um ano que me enchem o saco por causa deste maldito "S"!!!!!!!

Bom, afinal de contas, o que esta certo, ossu, oss, ou osu?

O correto é escrever a língua japonesa como ela é escrita no Japão, ou seja:

押忍

ou

.

Porem nem todo mundo é japonês, não é mesmo? Portanto nem todo mundo é obrigado a entender algo que nunca viu na vida.

Por isto quando os japoneses ensinam a um estrangeiro os sons de seus caracteres é mesmo, ou até pior, do que ensinar para um analfabeto. Isto quer dizer que alem de ter que ensinar as palavras e o vocabulário, tambem vai ter que ensinar as letras. E no caso da língua japonesa é pior ainda porque o estrangeiro esta acostumado a sonoridades e gramática diferentes. Por exemplo, uma criança japonesa de três anos já sabe muitas palavras do vocabulário japonês não vai ter dificuldade de futuramente aprender a gramática, um estrangeiro alem de não saber o vocabulário vai ter que aprender toda a gramatica, o hiragana, katakana e suas sonoridades e kanjis (que são mais de 4.000).

Uma forma de ensinar as fonéticas de seus dois “alfabetos” hiragana e katakana para estrangeiros é assim**:


Alfabeto hiragana, para palavras japonesas;


E assim:


Alfabeto katakana, para palavras estrangeiras e onomatopeias.


Sendo que por exemplo do sa, shi, su, se, so *** se pronuncia ssa, shi, ssu, ssê, ssô e assim por diante.

Portando no os sons (no caso deste sistema de romanização o hebon-shiki) se transcreveriam assim: “osu”, sendo que este nós pronunciaríamos “oss”, pois o som de “u” não se pronuncia na língua japonesa no caso do “osu” e aquando se pronuncia é bem baixinho.

Mas venhamos e convenhamos, nem todos os praticantes de karate vão ter tempo ou disponibilidade de aprender a língua japonesa e mesmo que aprendam, só vão usar a onde todo o carateca usa, nada a mais do que já se sabe, porem entendendo um pouco melhor.
Enfim, estudar a língua japonesa só é interessante para quem pretende ir para o
Japão, ou para pessoas que como eu tem algum vinculo com a cultura japonesa.

Exatamente por este motivo, pelo fato de poucos terem realmente contato com a cultura japonesa **** e língua japonesa, é que se deve simplificar a vida das pessoas! Se você apresenta a palavra “osu” para um leigo, o que ele vai entender?

“””OZU”””

Jamais vai passar pela cabeça dele ler “osu” e pronunciar “oss”!!!

Escrever “OSS” nada mais é do que aportuguesar (ocidentalizar) uma palavra estrangeira para facilitar a nossa pronuncia, não há nada de errado nisso. Num país que aportuguesou o Foot Ball (futebol), shampoo (champô), shoot (chutar), beef (bife), Tōkyō (Tóquio), Kyōtō (Quioto), porque não aportuguesar mais uma?
Até agora não havia problema nenhum de escrever “OSS”, até vir um desocupado, que pouco sabe da língua japonesa e até mesmo do próprio português encher a paciência de todo mundo com o “OSU”. E assim ele assassina as duas línguas, a japonesa (pois o correto em japonês é escrever 押忍 ou おす) e a portuguesa (que o mais logico é escrever assim, “OSS” ou até assim "OSSU").


Saibam que o exame de proficiência da fundação Japão é feito em hiragana, katakana e kanji!!! Pois lá no Japão, tu não vai ver placas de transito, nem jornais, nem letreiros de lojas e nem mapas escritos com letras romanas, somente em alguma agencia ou posto de turismo, e só! Talvez alguma placa de multinacional em letras romanas, não mais do que isto. Muito menos verá o hiragana e katakana em letras romanas. Portanto o Japão só considera entendedor da língua japonesa aquele que alem de saber o vocabulário sabe a gramática e domina o hiragana, o katakana e o kanji. No Japão pouca gente vai se dar o trabalho de passar as palavras do japonês para letras romanas, mesmo porque eles nem saberiam fazer isto direito e nem tem esta necessidade.

Somente em livros como o Shin Nihongo no Kiso em romaji (letras romanas) é que se vai ver palavras japonesas escritas em letras romanas. Mas é por um motivo especial, para ensinar estrangeiro que querem aprender a ligua japonesa e não podem se prenderem no aprendizado do hiragana, katakana e kanji, pois para aprender estes é bem complicado. Estes livros de língua japonesa em letras romanas seriam por exemplo para pessoas que vão ao Japão a negócios, etc...
Alguns dicionário tambem vão ter palavras japonesas romanizadas
O sistema hebon-shiki (hepburn), apesar de ser adotados como padrão pela Fundação Japão, é apenas uma ferramenta para o entendimento da língua japonesa para os que não falam o japonês, NÃO É A LÍNGUA JAPONESA. Quem aprende hiragana e katakana não precisa do hepburn.

Outra, raríssimas vezes um japonês vai transcrever uma palavra estrangeira com letras romanas pois eles tem um alfabeto especial somente para palavras estrangeiras, o KATAKANA.

Portanto criatura que escreve “osu”, se tu chegar escrevendo o maldito “osu” para o japonês ele simplesmente vai falar:

- Kore wa nan desuka? (これは なん ですか。- O que é isto?)

Pois ele esta acostumado com isto: ;


ou isto: 押忍;

Pouquíssimo vai entender isto: OSU.

E por incrível que pareça o japonês ainda é capaz de aceitar mais isto: OSS;
do que isto: OSU.

Uma prova disto é a revista japonesa especializada em karate JKfan (da Japan Karate Federation) que por varias vezes lançaram produtos, camisetas e botons com o dito cujo do “OSS” estampado.


 Camiseta vendida no Japão, em site japonês*****

 Botons vendidos pela JKF (Japan Karate Federation) na ocasião do 

All Japan Karate Championships para meninos e meninas 12 º em 25 à 26 de agosto de 2012.******


Sabe o por quê desocupados do "osu"? Porque o japonês sabe que o estrangeiro não é obrigado a entender uma gramática que só é aceita no Japão. É mais fácil o japonês facilitar o entendimento da sua língua aos estrangeiros do que o estrangeiro se adaptar a língua japonesa. Porem se o estrangeiro tiver que se adaptar, que o faça direito, pois o exame de proficiência da Fundação Japão (Noryoko Shiken) é horroroso de fazer, vestibular se torna trabalhindo de jardim de infância. Acho que este bando de manés do "osu" nunca fizeram um Exame de Proficiência da Fundação Japão. Outra, a grafia do "OSS" já é uma forma de escrita instituída nos países que não falam a língua Japonesa, os estrangeiros estão acostumados com o "OSS".

O que é correto então?

OSU: para quem quer saber o som dos kanjis pelo hebon-shiki. Ou para quem quer encher o saco dos outros com babaquices e assassinar a língua japonesa e portuguesa**;

OSS: para quem esta pouco se lixando pra esta babaquice toda, mesmo porque até os japoneses estão se lixando;

押忍 ou おす: para quem quer escrever corretamente em japonês.


Espero ter sido bem clara.

Porem é difícil ser clara com gente ignorante, orgulhosa e com ego inflado.




* Quem escreveu o "OSS" assim (OSSU) foi um senpai meu, o Vinícius, que hoje esta na JKA no JAPÃO. Viu, não é  a Zona Sul de Porto Alegre, é JKA no JAPÃO! E ele me escreveu a seguinte mensagem nesta semana:

""Adriana,

Ainda tem gente com picuinha por causa da questao do OSS ou OSSU?
Manda este pessoal treinar mais e parar de perder tempo com bobagem. Se quiserem ser tradicionalistas entao aprendam a escrever 押忍 que e tradicional e a grafia certa desta saudacao.
Para os mais curiosos o mais perto da grafia Romana que pode-se chegar seria OSSU. O, pequena pausa e depois SU, em caracteres Romanos o padrao e colocar dois SS para referir a esta pausa. O que acontece e que existem Japoneses que proferem um U bem baixinho e o pessoal que nunca teve aula de Japones da vida escuta OSS sem o u no final.Aos marinheiros de primeira viagem, tirando o som UN, em Japones nao existe consoantes soltas.Aprendem desde crianca apenas silabas.
Porem volto a minha afirmacao inicial. Treinem mais, parem de perder tempo com bobagem.
Saudacoes Karatecas a todos (direto do JKA Honbu)""

Sabe, é muito chato eu estar incomodando um senpai meu por causa de uma bobagem desta, total falta de respeito. Falta de respeito principalmente de um membro do karate aqui em Porto Alegre, um de um outro estilo que não é o shotokan. Outra, o meu senpai disse que vai continuar escrevendo "OSSU", tá pouco se lixando.

** Existem diferentes tipos de sistemas de romanização da língua japonesa e elas diferem bastante uma da outra, portanto uma palavra japonesa pode ser romanizada em mais de uma forma. Os sistemas mais conhecidos são, Hebon-shiki (o mais usado), Kunrei-shiki (usado no sistema educacional japonês), Nihon-shiki (adotado na era Meiji) e JSL, todas elas possuem falhas. Alem disso as palavras japonesas podem ter romanização fora de padrão, a romanização do japonês para o português NÃO TEM NENHUM PADRÃO ESPECIFICO, elas são aportuguesadas, tanto que usamos escrever a palavra "Tóquio" em vez de "Tōkyō", "Quioto" em vez de "Kyōtō. Na era Meiji houve um movimento para romanizar escrita japonesa, porem não vingou devido a complexidade e as nuances da língua japonesa. Não tem jeito, só se escreve japonês correto com hiragana, katakana e kanji.

*** O alfabeto japonês é silábico sim senhor, porem as crianças japonesas não aprendem o Romaji (letras romanas), elas aprendem somente som silábico nos alfabetos hiragana e katakana, o romaji se aprende depois no 4º ano. No dia-a-dia nenhum japonês vai escrever hiragana assim: sa, shi, su, se, so ; Elas vão escrever assim: さ、し、
Uma criança japonesa jamais escreverá o “osu” em romaji, ela escreverá no mínimo assim: . Entenda isto desocupado "osu": o romaji é somente para facilitar que um estrangeiro entenda o som silábico dos hiraganas e katakanas.
 

**** Conhecer a cultura japonesa não é apenas ir no sushi-bar e comer hotfiladelfia ou fingir que gosta de sashimi, não é treinar karate, não é usar hakama e usar havaiana de pau, não é ir no massoterapeuta e tomar banho de ofurô com pétalas de rosa, não é ficar brincando de espadinha imitando samurai, é conviver mesmo com os japoneses e com os descendentes de japoneses. Ajuda fazer curso de japonês em local certo, não com os amiguinhos de facebook, mas sim em cursos de Japonês. Alias, em Março abrem as inscrições para o curso de extensão em língua japonesa na UFRGS, porem tem gente tão chata que acho não iriam aguentar criatura muito tempo por lá, aliás acho que a criatura abandonaria o curso na metade.

***** o site é este: http://www.champ-shop.com/

****** Estas duas fotos foram postadas no perfil de facebook da JKFan.


PS.: andei recebendo no meu facebook uma coisa que foi compartilhada (a pessoa que compartilhou não tem culpa), feita por gente que não tem o que fazer. Pensei que tinha bloqueado tal pessoa, mas esqueci que a criatura tem mais de um perfil.

E ainda escreve depois: "Campanha URGENTE... Não assassinem a Língua japonesa!!!"

Ai vem outro puxa saco que respondeu uma pergunta de um outro sensei a respeito da JKF escrever "OSS":

"Fulano... a JKF é uma "autoridade marcial", NÃO é uma "autoridade linguística"! (^_^) Eles também metem o pé na argola em se tratando da transcrição fonética do seu próprio idioma! (^_^) Daí os erros já virem "de cima"...
Particularmente acho que a JKF deveria ter compromisso com a exatidão tanto técnica como teórica... mas esta é apenas a minha opinião pessoal!"

Então quem vive no Japão, quem fala japonês desde que se conhece por gente, quem fala japonês o dia inteiro, NÃO É AUTORIDADE LINGUÍSTICA?!!!!!!
Ele de certo deve ser!!!!!


É piada isto? Eu tenho que rir. Rsrsrsrsrs.

O cara se acha autoridade linguística por causa de um programinha de computador que passa as letras do teclado para hiragana, katakana e kanji!!! Se um dia tu vier pra mim com o certificado da prova de Proficiência da Fundação Japão (pode ser a prova de nivel 5 que é a mais fácil), ai eu vou começar a te dar crédito.

  
A JKF pode não ser a Japan Fundation, mas entende mais de japonês do que esta praga, com certeza entende!!!!

Bom diante disto, não tenho o que questionar, são um bando de cegos guiando cegos, mas fazer o que? 


Vou deixar um video pra vocês do "osu".
Façam bom proveito dele: 









OSS!!! 
  


domingo, 26 de agosto de 2012

Nota sobre a Imigração Japonesa no RS e sua cultura.




A imigração japonesa no Brasil tem 104 anos (1908 - 2012), no Rio Grande do Sul tem 56 anos (1956 – 2012). Muitos dos primeiros imigrantes japoneses de São Paulo já morreram, a colonia de paulista é de filhos, netos e bisnetos de japoneses, passaram por grandes sacrifícios para se adaptarem a cultura brasileira e criaram uma cultura própria. Aqui no Rio Grande do Sul a colonia é formada por japoneses, filhos japoneses e agora estamos na terceira geração de netos(sansei), tambem aqui temos alguns descendentes vindos das colonias do Paraná e São Paulo, nos últimos anos um grupo de jovens do Japão que vieram para intercambio nas universidades do RS e alguns empresário a negócio (ex. Funcionários da Toyota em Guaíba).


Um dos navios que trouxeram os imigrantes japoneses ao RS*** , 
este é o navio Brasil Maru (ブラジル丸 - Burajiru Maru).


Diferente da imigração ocorrida em São Paulo no inicio do sec. XX, em que os japoneses foram largados nas lavouras de café a mercê dos grandes barões do café e sem a mínima estrutura, na imigração japonesas no sul do Brasil o próprio governo japonês procurou dar apoio para que os japoneses podessem se estabelecer no estado, inclusive ajudando no financiamento das terras que ocupariam (o que não quer dizer que não passaram tambem por algumas dificuldades*). Outro aspecto importante é que os japoneses que vieram para o RS, diferente de SP**, vieram com a intenção de ficar, de estabelecer raízes, pois a situação do Japão no pós guerra era muito complicada, situação esta que perdurou até a década de 70 após o chamado "milagre japonês" na industria. Muitos dos japoneses que emigraram para o estado tinham formação técnica, isto era um pré-requisito. As colonias japonesas do Rio Grande do Sul, a principio, se concentravam nos seguintes núcleos, colonia de Itati (Terras de Areia), Ivoti, Itapuã (sul de Viamão) e em Porto Alegre (bairros Belem Velho****, Vila Nova e Lami).


 A Colonia japonesa aqui no RS tambem passou por um processo de adaptação cultural que é diferente da de São Paulo, pois aqui a colonia é mais recente e os japoneses que vieram para cá são os do Japão da década de 50 e 60 (sec. XX), é do pós guerra, diferente dos imigrantes de SP em que os primeiros vieram no inicio do seculo XX, antes da segunda guerra. Alguns destes japoneses que vieram pra cá traziam na alma as cicatrizes da guerra, mais um motivo para criarem raízes aqui. Em cada leva de imigrantes vindas em épocas diferentes, este japoneses trouxeram a cultura que era vigente no Japão na época que vieram. Enquanto isto no Japão a cultura se modernizava, tanto que hoje a cultura japonesa dos nipo-brasileiros é diferente da dos japoneses que atualmente vivem no Japão.

Surgiram associações nipo-brasileiras no estado (ANIBRA, após NIKKEI-RS) a onde os membros da colonia se encontravam para a realização de eventos e atividades culturais, entre elas, undokais, festas juninas, concursos de karaoke, e concurso do Miss Nikkei-RS, ensino da linha japonesa, etc. Infelizmente a colonia japonesa no Rio Grande do Sul deu uma diluída na década de 90 por causa do movimento dekasegui. Porem agora vejo um resurgimento das atividades de japoneses aqui no estado, com muito incentivo de não descendentes que admiram a cultura e querem ter contato com ela. Um exemplo é o evento que ocorreu de 18 à 19 de agosto (2012) o Nihon Matsuri organizado pela Associação Cultura Japonesa de Porto Alegre. *****

Contribuição para o RS:

A contribuição mais significativa esta na área agrícola, na implantação de novas técnicas de cultivo, novas tecnologias, a introdução de novas culturas *****. Também introduziram o hábito do consumo cotidiano de hortifrutigranjeiros aos gaúchos. Sim aquela saladinha de tomate com alface no tal do salchipão, não seria hábito dos gaúchos se os japoneses não plantassem o tomate e não abrissem suas quitandas. Algumas contribuições no comercio (lavanderias, quitandas, floriculturas, etc), na industria (Kurashiki em Sapucaia do Sul e atualmente a Toiyota em Guaíba), etc.

Encontrei na internet este documentário sobre a imigração japonesa no Brasil. Achei muito interessante e me identifiquei muito com ele. Para quem quer conhecer um pouco mais desta epopeia, recomendo. São seis vídeos, este é o link para o primeiro.





Neste outro link você pode ver os 6 vídeos diretos:

O Brasil do Sol Nascente - 02
O Brasil do Sol Nascente - 04

O Brasil do Sol Nascente - 05

O Brasil do Sol Nascente - 06


Ficha técnica do Vídeo.:

  • O Brasil do Sol Nascente: A História da Imigração Japonesa para o Brasil 

    2003, Documentário, 52 minutos, Beta digital
    Direção: Ricardo Aidar e Marcelo Bresser Pereira
    Produção Executiva: Ricardo Aidar
    Realização: Canal Azul
    Um retrato sobre a história da Imigração Japonesa para o Brasil. O documentário é construído a partir de entrevistas com imigrantes japoneses e seus descendentes e ilustrado com imagens históricas. As narrativas pessoais são entrecortadas por depoimentos de especialistas, que analisam e contextualizam estes casos dentro da história. Também são abordadas as transformações na vida dos nipo-brasileiros neste período e a interação entre as culturas brasileira e japonesa.

* Os japonese aqui no RS tiveram sim algumas dificuldade, a primeira foi cultural, esta é inevitável. Outra foram os empregos a que alguns japoneses se submeteram em algumas granjas aqui no estado, por exemplo, meu pai no inicio não ganhava muito e trabalhava muito. Outra, alguns terrenos ocupados por japoneses aqui no estado não eram bons, eram o resto do resto daquilo que nem os alemães e italianos quiseram. Se não fosse a qualidade da formação técnica que alguns japoneses trouxeram, certamente não treriam prosperado.

** Os imigrantes japoneses que no inicio do sec. XX se estabeleceram em São Paulo, não tinham a intenção de ficar no Brasil. Há princípio eles tinha a intenção somente de vir trabalhar um tempo no Brasil, fazer um pé de meia, e voltar para o Japão. Mas após o Japão perder a segunda guerra e pelo fato de com o tempo se adaptarem ao novo país o sonho de voltar ficou cada vez mais distante.

*** - Em 18 de agosto de 1956, o Rio Grande do Sul recebeu os primeiros 23 imigrantes japoneses que chegaram ao porto de Rio Grande a bordo do navio Brasil Maru. Vieram para trabalhar principalmente na agricultura.
- Chegam no dia 15 de março de 1957 imigrantes japoneses com destino ao Rio Grande do Sul. As 33 famílias (198 pessoas) desembarcam do navio Africa-maru, se assentam na Colônia São Pedro — próxima da fronteira com a Argentina — e passam a produzir arroz.

**** Em Belem Velho temos estradas batizadas com nomes de famílias japonesas, ex: Estr. Kanasawa, Rua Watanabe,). Tambem existe um lugar no bairro Protásio Alves apelidado de Chacara do Japonês a onde residia uma família de japoneses.

***** De 21 à 22 de abril (2012) ocorreu o Hanamatsuri organizados pelos grupos budistas atuantes em Porto Alegre (Zen Budismo e Budismo Tibetano), este evento tambem foi ótimo pois a comunidade japonesa pode se reunir e interagir.

***** Muitas novas culturas foram trazidas pelo colonos japoneses, novas qualidades de hortaliças (nabo, couve chinesa, etc), novas qualidades de frutas (kiwi, morangos, ameixas, caqui, etc). Por exemplo, a tal maçã fuji e certas qualidades de uva de mesa, foram trazidas para o RS pelos japoneses. A cultura do Kiwi por exemplo, foi tão bem vindo que até mesmo as colonias Italianas e Alemãs aderiram a ela. Posso dizer que fui uma das primeiras a ver e provar um Kiwi aqui no estado, lembro de ver a fruta pela primeira vez nas mãos de uma amigo de meu pai agricultor de Ivoti, na época eles ainda estavam introduzindo a cultura aqui no estado, experimentando pra ver se era viável.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Separando as ovelhas dos bodes.

Desculpas pessoal, mas tive que limitar os comentários no meu Blog, tive que excluir algumas pessoas.

É muito decepcionante ver que exatamente pessoas que se dizem exemplos, modelos, etc, se acham no direito de tomar atitudes tão infantis ao meu ver. Não vou citar nomes, não gosto de ter esta postura imatura de dar nomes aos bois, tanto que nunca fiz isto aqui no meu blog. Dou exemplos de fatos que vivi, mas não dou os nomes pois já me incomodei demais com isto.

A coisa aqui foi longe demais, se não bastassem os comentários aqui no Blog, tambem tive que me incomodar com alguns no meu facebook que se intrometeram em conversa com colegas meus com o único e exclusivo objetivo de me mandar indiretas. Não vou permitir é que entrem na minha intimidade, que entrem em conversas com meus amigos, pois isto é falta de respeito. Excluo, bloqueio, corto relações e dependendo da falta, xingo mesmo. Pagina de relacionamento é para se descontrair com amigos e conhecidos que lhe são afins, e não para se aborrecer com ataques de vermes de alguns ou frivolidades.

Aceito criticas e aceito correções, mas desde que isto não seja de forma destrutiva.  Gosto que façam criticas, gosto que corrijam, mas não gosto que isto se torne uma epopéia, uma cruzada de opiniões de egos inflados. Esta é uma postura patética, se querem o fazer que mande um E-mail, que tenham uma postura menos ridícula e mais profissional (coisa que uns ai se dizem ser). E se mesmo assim não concordam com algumas de minhas colocações aqui no Blog, que simplesmente não leiam ele. Façam isto que é pra não precisar ter que gentilmente mandar a criatura se retirar.

Nunca, eu disse NUNCA, entrei no blog, ou no perfil de Google ou Orkut, no perfil de facebook,  ou na conversa dos outros para ficar criticando de forma pública, direta, depreciativa, nominal, insistente, o que escrevem, fazem, ou acreditam. Simplesmente respeito que outros tenham sua opinião, mesmo que eu as deteste. Se o faço aqui no blog é sem expor a imagem, nunca digo nomes de pessoas ou instituições.

Se é para reescrever, e digamos, meter-o-pau, em tudo que escrevo, se é para não ter direito de ter nenhum deslize, se é para a criatura achar que só ela tem o direito de saber e de se julgar dono da verdade, então eu sinceramente não sei o que esta pessoa esta fazendo aqui. Acredito que isto já não é mais para prestigiar meu blog, mas sim alguma forma de mostrar o seu despeito, já se tornou algo pessoal. Então que se concentre no seus blogs e foruns, que se concentre nas suas aulas, que ensine o que acha que deve ensinar.

Assim como muitos sou uma eterna aprendis no karate e estou aprendendo com meus erros e acertos.

O que acho mais irônico nisto tudo é que as criticas vem justamente de pessoas que se dizem as tais, são pessoas com este tipo de posturas que eu literalmente faço questão de combater, alias, são os exemplos que digo para não seguir. Pois acho muito hipócrita a postura de certos karatekas (sim karatekas, pois é assim que nos tratamos) que fazem um grande esforço para se dizerem seguidores do Budo, do Bushido, ou seja lá outro "Do", e na prática, no dia-a-dia, no intimo estão muito longe de serem o exemplo. Digo que já ouvi muita história cabeluda ao respeito de uns e outros por ai que fazem blog, que ficam azucrinando por causa de um termo ser correto ou não, de alguns que saem vendendo a imagem de japonês honorário sendo que nunca teve realmente contato de fato com a cultura. Já escutei histórias de pessoas que simplesmente foram feitas de idiotas por esta gente. Sem falar naquilo que comentei num post anterior sobre os CAÔS do karate, estes estão cheios de caôs, mas não vou entrar em detalhes.

Decepcionante pra mim.

Muito decepcionante.

Eu combato todo este tipo de postura, a dos vislumbradinhos por cultura japonesa, a dos arrotadores de filosofia, a das enciclopédias ambulantes de cultura japonesa, a dos samurais de butique, a dos vendedores de karate totalmente "japones" (o que não existe), a dos japoneses honorários, a dos karatekas de egos inflados, a dos karatekas "de karate-gi branco mas de mente podre"(peposo e bonitinho por fora e da boca para fora, mas de vida e atos deploráveis), a dos karatekas estrelinhas, etc...

Eu não escrevo para esta gente, escrevo para quem esta de saco cheio desta gente. Estes já tem seu clubinho para babar ovo e para ficar se achando a bolachinha mais recheada do pacote.

Estou muito longe de me sentir a tal com meu blog, pois eu sei que mordo o calcanhar de muita gente aqui. Pois não estou pra agradar a ninguém, o que eu acho errado, eu falo na lata, sem rodeoios. Eu quero é criar polemica mesmo. Ainda mais se é para mecher com certos egos inflados.


sábado, 28 de abril de 2012

"Yuko" (有效), que bicho é este?

Explicação dos termos Yuko, Wazaari e Ippon.

Pois é pessoal, pela ilhesima vez ouve alterações nas regras de arbitragem da WKF, agora tivemos alterações na nomenclatura das pontuações.


Até o ano passado (2011) a WKF usava a seguinte nomenclatura:

Ippon (一): valia 1 ponto;
Nihon (): valia 2 pontos;
Sanbon (
): valia 3 pontos.
 
Nihon e Sanbon NÃO SERÁ MAIS USADO na WKF e filiadas!!!
Agora a nomenclatura da pontuação na WKF é:

Yuko: vale 1 ponto;
Wazaari: vale 2 pontos;
Ippon: vale 3 pontos.


Explicação dos ternos e kanjis:

Yuko (有效): eficiente.

有 - yu, u (ユウ,ウ) aru (ある) – verbo haver;
效 - ko (コ) - eficaz, eficiente.

Waza-ari (技あり ou 技有?): com destreza.

技 - waza (わざ): destreza, arte, feito.

Ippon (一本): único.

一 - ichi, i, hitotsu (イチ, イッ, ひトつ) - um, uma (1);
 
- hon. bon. pon (ホン, ボン, ポン) - usado para contagem.
Obs.: 本 "hon" tambem significa "livro".


Tradução grosseira:

Yuko: é eficiente;
Waza-ari: é com destreza;
Ippon: um.





ATENÇÃO!!!
MUDOU SÓ A NOMENCLATURA, O VALOR DA PONTUAÇÃO AINDA É O MESMO!!!


Atenção especial a gesticulação, pois agora o Ippon é marcado levantando a mão para cima e não para baixo, o que aponta a mão para baixo é o "YUKO"!

Soava-me estranho falar "Sanbon" para a maior pontuação do karate. A tradição das lutas japonesas sempre teve o Ippon como o golpe mais iportante da luta. Na nomenclatura anterior o Ippon foi rebaixado ao golpe mais simple. O Ippon é uma palavra que já estava enraigada na cabeça das pessoas como o golpe perfeito.
 

 
Mais de um de meus colegas veio até mim me perguntando o que significava o termo "Yuko". Este novo termo é novidade para quem sempre praticou karate em academias vinculadas à WKF (ou antiga WUKO), este é mais familiar para quem já praticou Judô. A gurizada que iniciou no karate nos últimos dez anos vai estranhar muito a diferença, porem o pessoal que já esta a mais de quinze anos no karate vai ter que somente relembrar, pois o "wazaari" é um velho conhecido.

Prometi ao primeiro de meus senpais que me veio perguntar o significado de "Yuko" que não o deixaria sem resposta. Fucei meus livros, nos meus dicionários de japones, nos meus dicionários de Kanjis e digo que não foi muito fácil, pois só pra variar um pouquinho os kanjis usados nos termos do karate são raros de se usar no dia-a-dia.


OSS. *


Obs.: a explicação dos termos é sómente gramatical, não respondo pelos detalhes da parte tecnica de qual o golpe é digno de ser classificado como Ippon, Wazaari ou Yuko. Para isto tem o regulamento que esta disponivel no site da CBK. 

* sim, sem o "u" e com os dois "SS", só para implicar com alguns.

terça-feira, 13 de março de 2012

Nota sobre algumas “culturas” do karate.



Vou começar este post com algumas perguntas:

1. Qual a origem do karate?

Japão!

Certo e errado, pois há uma controvérsia.
Apesar do karate ser considerado uma arte-marcial japonesa, pode dizer que sua origem mais precisa vem da cultura OKINAWANA. Outra, a cultura okinawana tem forte influencia da cultura chinesa. Isto é visível nos nomes de alguns katas que usam a leitura chinesa ao invés da japonesa*.

2. Para praticar karate devo ajaponesar-me?

CLARO QUE NÃO!

3. Então o karate que pratico deve ser totalmente japonês e dentro do dojo devo fazer tudo o que um japonês faz e o sensei que não me cobrar isto é um impostor?

Não, terminantemente, não!

Vou completar esta resposta com uma pergunta: Em que mundo tu acha vive?

Nestes meus quase 20 anos de karate, vi tanta, mas tanta coisa que eu me pergunto: Por que diabos eu fui praticar karate? Por que diabos eu fui ser descendente de japoneses? Por que diabos eu, quando morava no Bonfim**, não fui praticar Krav Magav?!!

Outro dia entrei num Dojo ai de um de “tantos Dans”. A criatura fazia cada um que entrava no “tradicional Dojo" dele, passar paninho no chão. Só que no meu ponto de vista isto foi feito como um ritual místico imposto e de forma automática de cima para baixo, me pareceu mais um teatrinho para aparecer ou chamar a atenção.

Em primeiro lugar, desde que o Japão é Japão que se limpa o chão da casa assim. Não é só no Dojo, é nas escolas, é nos clubes, é nos mosteiros, etc. Nos mosteiros budistas japoneses esta prática é conhecida como SAMU. Muitas casas no Japão tinham piso de madeira e a maneira mais eficiente de limpar é passando pano úmido no piso, alem de limpar esta pratica também lustrava a madeira***.

Em segundo lugar, vou te dizer por que o japonês faz todos os alunos do Dojo limpar o chão.

Praticidade!!!

Por que um deve fazer se dez fazem mais rápido?

Outra, limpar o local de treino é uma forma de demonstrar gratidão ao Dojo.

O povo japonês vê a sociedade, o grupo, como um todo. Como falei em outro post: se é bom para o outro, é bom pra mim também. Se cada um faz sua parte, todos se beneficiam.
Não é fazendo todo este teatro que o aluno vai se tornar mais ou menos respeitoso com Dojo. Não é esta imposição de “cultura”, de respeito, que vai fazer o aluno ser mais humilde. O aluno tem que entender que isto é bom para ele, bom para os colegas e bom para o Dojo. Nada mais justo para com o lugar a onde adquirimos tanto conhecimento ter o cuidado com ele. Não vai cair o braço do karateka se ele limpar nem que seja uma placa de tatame. 

É muita purpurina pra pouca pratica!!! NÃO COMPLIQUEM O QUE É SIMPLES!!!!!

O karate é praticar, praticar, praticar, é aprender, aprender, aprender. O primeiro então que deve pegar o pano e limpar o chão é o sensei, exatamente para mostrar humildade. Para ser exemplo!

Eu me admirei uma vez quando entrei no Dojo e vi que meu sensei (5º Dan) estava com um esfregão na mão. Chamam-no de burro, velho teimoso, grosso, turrão, louco, cricri, mas esta lição o xarope aprendeu. Enquanto uns e outros estão por ai numa “masturbação mental” do que deve ou não fazer, do que é ou não BUDO, o meu sensei xarope vai lá e pega um esfregão para limpar o Dojo. E assim ele me mostra é mais BUDO do que esta gente que fica pavoneando por ai. Eu vejo tanto 6º Dan, 5º Dan, soberbo, arrotador de filosofia por ai, que eu sinto realmente um pesar muito grande por estas criaturas terem achado o caminho do karate. 

Outra coisa que queria colocar aqui: em minha opinião, o karate já não é mais um patrimônio exclusivo do Japão, o karate é um patrimônio de todos os karatekas do mundo. Já não posso dizer que o karate é 100% japonês (suas origens sim são okinawanas), mas sim uma porcentagem árabe, outra européia, outra africana, americana, etc. Se pratica karate no mundo todo. Cada povo tem seus costumes, seus hábitos, e estes não vão se tornar japoneses (ou okinawanos) só porque resolveram praticar karate. Não queira que um muçulmano deixe reverenciar Alá para reverenciar os Mestres de karate, muitos não o farão por ir contra ao preceito do Islã de não cultuar ídolos, somente a Alá. Não é em todo o país que se vai conseguir impor a cultura do karate tal como os mais tradicionalistas acham que deve ser.

O karateka tem que aprender as origens da arte que pratica, e não ficar como um macaco de picadeiro, só porque “no Japão se faz assim”. Não é fazer teatro como muitos fazem, é entender o POR QUÊ. Não precisa virar japonês honorário não.

Quer fazer como os japoneses? Quer usar kimono e hawaiana de pau e comer sushi de palitinho? Quer ter o kamidama? Então o faça! Mas por tudo que é mais sagrado, faça para si mesmo. Não para se gabar, não para se mostrar, não para se exibir e tentar provar que é melhor do que os outros. Faça isto pela sua paz de espírito e pela paz do espírito de meus ancestrais (que se tivessem corpos ainda estriam se revirando no caixão****). Faça isto para si mesmo por realmente se identificar.

No karate a gente deve conhecer a si mesmo.

* kumiyomi e oyomi (antes que me corrijam, ainda vou conferir se é assim que escreve), são os sons de kanji de origem chinesa e japonesa;

** O bairo Bonfim é considerado o mais Judeu de Porto Alegre, morei por lá;

*** Meu pai sempre comentou este habito que os japoneses tem de esfregar o chão, os pisos das casas japonesas eram feitas de uma tal madeira que somente passando um pano úmido ela adquire brilho;

**** "se eles tivessem corpos", pois os japoneses após a morte, a maioria, é cremada.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Observação pessoal a respeito da pratica do karate e do aprendizado da língua japonesa.


Desculpas mais uma vez pela demora, mas tenho trabalhado muito ultimamente, as vezes mais de 12h no dia. Inclusive meus treinos de karate estão sendo prejudicados com isto.

Andaram me perguntando coisas a respeito de kanjis, fui olhar os dicionários que tinha em casa e descobri que eles sumiram da minha estante. O dono deles, meu pai, os confiscou para seus estudos bíblicos (quem diria...). Os que acabei de encomendar já devem estar chegando, e estes sim, são meus!!!! Monto num porco se sumirem da minha estante.

Vamos ao assunto deste post, o aprendizado do karate e a língua japonesa.

Quem pratica karate deve aprender a língua japonesa?

Deve sim adquirir um conhecimento básico, nem que seja o mínimo. Mas o aprendizado profundo da língua japonesa, pelo menos aqui no Brasil, não se adquire em aulas de karate. Se você, caro karateka, quer se aprofundar na língua japonesa procure um curso de japonês. Aqui no Brasil existem varias faculdades de letras que propiciam o estudo da língua japonesa nos cursos de extensão. Aqui na região metropolitana de Porto Alegre indico os cursos da UFRGS (bem em conta), os da PUC (muito bom), e os da Unisinos (não conheço, mas o coordenador é um ex. professor meu, o Sensei Vitor, ótimo professor). Também temos aqui em Porto Alegre o método Kumon, e o curso de japonês da Fundação Japão (o preço destes dois últimos é um pouco salgado, mas vale o valor cobrado).

Mas se você esta pensando que vai chegar com qualquer kanji para um professor de japones e querer respostas imediatas, esquece, nem mesmo o meu professor de japonês “made in Japan”, Sr. Mizushima Sensei, consegue te dar respostas imediatas de alguns kanjis. Existem kanjis tão raros que até mesmo um professor gabaritado tem que consultar em dicionários.

São cerca de 4,000 kanjis!!!!

Nenhum superdotado consegue decorar tantos, e se decorar a criatura só pode ser altista. Um japonês que estudou o equivalente ao nosso nível fundamental, deve ter conhecimento de aproximadamente 500 à 600 kanjis, um japonês que estudou o equivalente ao nosso nível médio deve ter o conhecimento de aproximadamente 1000 kanjis, um japonês de nível superior deve ter conhecimento de aproximadamente 1500 kanjis. Eu já decorei uns 200 kanjis, mas como parei os estudos, esqueci a metade. E considere muito para quem não vive no Japão.

Se o estudo da língua japonesa vai te ajudar no karate?

Vai te acrescentar muita coisa a respeito da pronuncia correta das palavras, de nomes de golpes, e pronuncia de nomes de katas. Vai te acrescentar muito no entendimento da arte, mas me desculpa a franqueza, não vai te ensinar a fazer um kata melhor, não vai melhorar teu chute, não vai te fazer ganhar competição.

Eu indico o estudo da língua japonesa para aqueles karatekas que realmente querem se aprofundar, que querem estudar a arte a fundo, que tenham a ambição de se tornar algo alem de 4º e 5º Dan. Mas acrescento que o fundamental para um karateka é aperfeiçoar sua técnica melhorando a qualidade de seu karate, isto é, TREINANDO!!!

Eu tenho aqui um livro de kata em japonês, outro dia fui procurar o kanji de chutar (keru, gueru ou gueri), foi bem difícil encontrar, até mesmo nos dicionário japoneses eu estava penando para achar, fui encontrar no local mais improvável, no Jornal São Paulo Shimbun, numa coluna direcionada aos leitores de português.

Para o karateka que ficou triste de saber que o estudo do japonês é difícil, um consolo, o karateka que prestar a atenção no nome dos golpes e das bases, já pode considerar que sabe pelo menos as direções em japonês, a altura, e as partes do corpo. Pelo menos estas lições você vai saber o que vai fazer você se sentir menos analfabeto durante o curso.

Até a próxima.

OSS!

Sayonara, dewa mata!

Obs.: agora tem ai na rede internet os programas “Google Tradutor”, “Altavista Tradutor”, são bons para quebrar o galho, mas de longe são professores de japonês. Todos os programas possuem falhas, então não vai achando que é só transcrever uma frase no Google tradutor e dar para um japonês ler. Se estiver alguma coisa errada o japonês vai rir da tua cara.

Nota: o meu desejo era encher este blog de explicações sobre língua japonesa, alias foi um dos motivos pelo qual criei este blog. Porem não imaginava que quando arranjasse um emprego ele iria tomar conta da minha vida, mas este emprego é temporário. Pra mim fazer algo satisfatório em teria que estudar os kanjis, procura-los nas fontes para colocar aqui e explicar pronuncia etc. Isto requer tempo, e tempo sobrando é o que mais esta faltando pra mim agora.