quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Senpai, kohai e dohai



Para dar uma definição destes termos peguei emprestado as definições de uma reportagem da jornal paulista Zashi - NippoBrasil:
  
“senpai – veterano, ou, mais específicamente, aquele que ingressou no meio antes, seja o curto espaço de tempo de alguns dias, seja um ano”;

“dôhai – colega, aquele que ingressou ao mesmo tempo”;

“kôhai (後輩)– calouro, aquele que ingressou depois, ou por último”.

O senpai, seja nas empresas, seja nos esportes, é a pessoa que detém mais conhecimento e experiência e, portanto, merece o respeito por parte do kôhai. O tratamento dispensado ao senpai é caracterizado por formalidade, obediência e confiança”.

Me lembrei de uma historia agora que aconteceu comigo, alias, duas.

A primeira foi um rapaz que entrou lá no GNG, guri novo, alto, teria sido um ótimo karateka hoje se não fosse tão petulante. Chegou nos primeiros treinos bancando pose de durão, tentando acertar soco em todo mundo nos treinos de kumite. A criatura ainda estava na branca. Certa vez ele lutou com meu colega faixa vermelha, venceu o kumite, saiu daquela aula se gabando porque tinha batido num faixa vermelha. Na aula seguinte eu, a japa louca (não quero me gabar, mas naquela época eu tinha uma cara de louca e lutava feito uma louca, o pessoal tinha medo de mim), peguei ele num treino de kumite. No inicio tudo bem, eu respeitando o fato dele ser branca e eu ser roxa, até que o sujeito me acerta um soco e começa a sorrir de satisfação por socar uma karateka faixa roxa. Ai a casa caiu. Caiu pra ele. Voou um haito na têmpora do cara que a criatura custou a acreditar, o sorriso bobo sumiu na hora. Ele não viu a mão chegar e ir embora. E na época eu era invocada (tipo sangue nos soy) não dei mais chance pra ele, deve ter dado graças a deus que o kumite parou e trocamos de duplas.

O novato, Kohai jamais deve ter esta postura, soberba, ele não tem que provar nada a ninguem, ele só tem que aprender.

A segunda historia foi outro karateka louco (o apelido dele é “louco”, hoje é sensei, ta por ai) que surgiu quando eu treinava em Canoas. Eu não sei por que cargas d’água a criatura, faixa BRANCA não se contentava em aprender somente o primeiro kata, a criatura já sabia os cinco heians, os três tekkis, os shiteis kata e queria aprender mais. A questão é, pode até saber mais kata do que um faixa preta, mas na branca, será que sabe fazer direito algum deles? Falaram pra ele que eu sabia o Goshushiho-sho e ele veio até mim me perguntando se eu podia ensinar para ele. Poxa, mas que cara mais petulante, falei pra ele aprender direito o heian-sho-dan que era o kata da faixa dele. Mas o cara fez uma cara de decepcionado, um beiço enorme, ficou chateado comigo. Foi lá na outra academia com o outro “sensei”, um ai que se diz 5º Dan, um vendedor de faixas oportunista (não, não direi o nome). Em dois anos pegou a faixa-marrom. Mas era só a faixa-marrom, o karate dele não valia uma faixa-vermelha, quadril engessado, duro feito um poste, personalidade nem um pouco humilde, soberbo, petulante, ego inflado, o tipo de personalidade que mais odeio no karate. Pra mim este tipo de gente não deveria sair da branca. Passava por mim com o nariz lá em cima como quem diz: tu não me ensinou Goshushiho-sho, mas agora eu to na marrom. Grande coisa, comprando faixa até meu cachorro chega no 10° Dan. As criaturas gostam de se iludir, quando alguém quer o bem delas e resolve poda-las para seu próprio bem fica por ruin, mas se chega outro oportunista e massageia o ego do novato, facilita exames de faixa mesmo sabendo que o aluno é péssimo, isso única e exclusivamente pela grana, o oportunista passa por bonsinho.

Eu acho que eu fiz o trabalho de senpai, orientei, o kohai que foi petulante e não seguiu o meu conselho, tem a faixa-preta mas sua técnica é um lixo, e este tal sensei ai, o oportunista 5° Dan, deveria ter e vergonha de si mesmo, deveria ter vergonha de entrar num dojo, de vestir um karate-gi branco e de ostentar uma faixa-preta. Não devo nenhum respeito a quem esculhamba o karate, e não me exija este respeito. Vou tratar bem, com cordialidade, mas sem o meu respeito.


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